E eu sentava-me e pensava olhando atraves da janela.
Eu,
esperava uma inspiracao
porque
eu
sabia, ouvindo repetir-se em ecos a frase:
"o artista cria a partir de um lugar de ausencia de mente, in stillness.
Em quietude, nasce o impulso criativo".
E ora pois eu ficava assim muito quieta
esperando a mente parar
e nada sucedia.
Os dias passavam.
E nada me ocorria.
Os sonhos vinham.
E nada me diziam.
As noites eram,
e nada sucedia, eu nada fazia.
E era pois entao que eu desistia.
E pensava em tudo, em tudo,
de uma so vez
em como as pombas nos beirais das casas me olhavam
com uma consciencia que parecia ate maior que a minha;
em como elas me queriam comer e rasgar a carne
ate que o meu sangue fosse delas e nunca mais eu mesntruasse.
Em como todas as pessoas sentiam
e se aproximavam
e socializavam
e eu me tornara um pouco mais autista.
Em como as linguas se perdiam
e as palavras nada queriam.
Em como o mundo me achara bela
e me pedira sempre mais
e eu pois nao queria
nem teria, nem seria
senao eu propria.
Em como eu me libertara
e me tornara cada dia menos implicada
obstinada ou resguardada,
desligando-me de todas as coisas,
como quem perde identidade,
hedonica e maliciosamente
enquanto o coracao batia
excitado e rapido
como se nao fora meu
escutando um velho desejo que ja nao precisa de palavras.
E a danca era agora o proprio espaco
as palavras o meu ritmo
e o silencio o meu encanto.
AB
beijos do andré que andou contigo na escola