Entramos no deserto de manha cedo
o dia nascia incerto e inconsciente da data
havia passaros na varanda do quarto e um sorriso na minha barriga incontestavel
fazia frio na entrada do vento das janelas recortadas nas paredes milenares
da haveli antiga onde tenho dormido
o sari amarelo na janela ondulava e os raios de sol escapavam junto aos meus pes
trazendo os ecos das gargalhadas travessas das criancas na rua...
Deixando as vacas nas ruas intercaladas pelos namastes continuos dos vendedores
montamos os camelos e entramos no Thar a caminho do Paquistao
Viajamos ate as coxas doerem
e paramos para cozinhar do nada...
E incrivel a quantidade e o peso das coisas que um camelo pode carregar
E a velocidade que um camelo pode tomar
E mais incrivel a capacidade de cozinhar dos nossos guias
no meio do deserto a partir do nada...
Estendemos carpetes tecidas pelas mulheres nos atrios das casas
remendadas com especial cuidado e adornadas com espelhinhos
e apos comermos dhal e chapati com areia
adormecemos ao sol que ardia no profundo silencio do deserto
perturbado somente pelo tilintar dos guizos nos pescocos dos camelos
Ao acordar prosseguimos ate a mais alta duna
e ai nos sentamos para ver cair o ultimo sol do ano.
Que riso....
Esperava-se uma meditacao
mas claro havia sempre um indiano
tentando vender o mais inesperado produto
cerveja, batata frita, chai, madame happy new year
you want? madame?
postas de lado as expectativas
e sem querer comparar o thar ao majestoso sahara
la nos ficamos pela cerveja
o riso
e a flauta do menino de seis anos de pe descalco
que acompanhou a meia noite e ganhou 20 rupias (10 centimos)
de regresso a minha haveli (Casa antiga sagrada)
sinto-me muito em casa
estou francamente feliz de aqui estar
e muito muito apaixonada por este pais de gente linda
gente simpatica, calma, e muito generosa...
quem dera que as gentes do mundo tomassem como modelo
o espirito nobre da cultura indiana, pois esta gente tem muito para nos ensinar.
Jaisalmer 2006
AB